A endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial (tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina. Tem característica inflamatória e hormônio dependente (depende do estrogênio). Esse tecido não descama por completo e se instala em regiões pélvicas, como trompas, ovários, paredes vaginais, abdômen, reto e outras partes da cavidade abdominal. A partir disso, lesões e focos inflamatórios se desenvolvem, dando origem à doença.

A maior prevalência da endometriose é em mulheres em idade reprodutiva entre 11 e 45 anos, onde estima-se que cerca de 5 a 10% das mulheres no período reprodutivo, podem sofrer com a  infertilidade (20 a 50% dos casos).

É uma doença crônica e inflamatória, onde seu diagnóstico costuma ser desafiador e demorado, pois não há uma causa específica para o desenvolvimento da doença, sendo necessário analisar sintomas, condições de saúde da mulher, bem como, questões genéticas, anatômicas, imunológicas e estilo de vida.

A alimentação como aliada no tratamento da endometriose

Algumas estratégias para o tratamento podem ser adotadas em conjunto, como por exemplo, o uso de medicamentos para amenizar dores, uso de hormônios e cirurgias para retirada de focos da doença nos casos mais graves, além de mudanças no estilo de vida.

Os hábitos alimentares podem influenciar a qualidade de vida da mulher, onde uma alimentação mais desequilibrada com excesso de alguns alimentos, pode contribuir para aumento de peso e inflamação crônica. 

Sendo assim, mudanças no estilo de vida, que incluem uma alimentação equilibrada e de qualidade, com exclusão de alimentos mais inflamatórios e inclusão de alimentos ricos em antioxidantes (vitamina C, E, D e ômega 3) podem ajudar na diminuição de dores e desconfortos,  com melhoria dos sintomas. 

Alimentos aliados no tratamento

Boas gorduras: Acrescente na sua rotina boas fontes de gordura como as insaturadas que estão presentes em alimentos como o abacate, azeite, oleaginosas, sementes chia e linhaça, salmão e sardinha. São alimentos que possuem propriedades anti-inflamatórias e são fontes de ômega 3, que através dos seus benefícios ajudam a diminuir a intensidade e duração de dores.

Alimentos antioxidantes: Inclua alimentos ricos em antioxidantes como as vitaminas A, C e E que ajudam a reduzir os radicais livres e os efeitos inflamatórios no corpo. Outros antioxidantes são o zinco, magnésio, selênio, carotenoides e flavonoides. Esses nutrientes podem ser encontrados nas frutas, legumes, verduras e oleaginosas. Quanto mais colorido maior a variedade de vitaminas e minerais!

Coma mais fibras: Aumente o consumo de alimentos ricos em fibras incluindo mais legumes, verduras e frutas na sua rotina (4 a 5 porções), além de leguminosas e cereais integrais (arroz integral, aveia especialmente o farelo, quinoa, amaranto, milho).

Elimine o inchaço: Consuma alimentos que ajudam a reduzir o inchaço que é um dos sintomas na endometriose e da TPM, então consumir pepino, agrião, melancia, chás, água de coco e água com limão, além de beber bastante água ao longo do dia, podem ajudar na melhora deste sintoma.

Chás naturais: Beba chás diariamente (1 xícara 240 ml). Os chás são grandes aliados contra o processo inflamatório e ajudam a amenizar sintomas digestivos, cólicas: chá verde, camomila, folhas de maracujá, mulungu, hortelã, erva doce, unha de gato e uxi amarelo, entre outros.

Prefira os temperos naturais: Use os temperos naturais nos preparos das refeições: alho, cebola, salsinha, manjericão, louro, pimenta do reino, açafrão, alecrim, páprica, entre outros.

Cuide da sua vitamina D

Exponha-se ao Sol: A vitamina D é uma das vitaminas mais importantes para quem tem endometriose, pois atua no combate à inflamação crônica. O sol é essencial para absorção da vitamina D, então separe 20 minutos no mínimo 3 vezes na semana, entre às 10hrs e às 14hrs (antes ou depois do almoço). A vitamina D pode ser adquirida por meio de alimentos como peixes gordos (sardinha, cavalinha, atum e salmão), fígado de boi, gema de ovo, leite, queijo, iogurte, ou também por suplementação nutricional que deve ser feito com auxílio do nutricionista.

Laticínios com baixa gordura: Prefira  laticínios desnatados com baixo teor de gordura (para aqueles que não tem intolerância à lactose ou caseína do leite), caso contrário, utilize opções como as bebidas vegetais (aveia, coco, amêndoas, castanhas).

Coma sementes: Inclua sementes nas frutas, sopas, mingau e iogurte natural. Aproveite o café da manhã ou lanche da tarde para adicionar as sementes. E como fazer isso? Através do ciclo das sementes que é um protocolo natural aplicado para auxiliar na regulação hormonal feminina (estrógeno e progesterona),  a partir do uso das sementes.

Como fazer o ciclo das sementes?

O ciclo das sementes vai iniciar no primeiro dia do ciclo menstrual. Consideramos como o primeiro dia, quando há descida do sangue de forma significativa e não borrões. A partir deste dia você começa a consumir diariamente, em qualquer horário do dia:

Consumo diário:

  • Primeiros 14 dias do ciclo ou até a ovulação: Consuma 1 colher de sopa de semente de linhaça triturada e 1 colher de sopa de semente de abóbora diariamente. Observação: Confirme a ovulação através do método de percepção da fertilidade, monitorando a temperatura basal.
  • A partir do 15º dia do ciclo ou após a confirmação da ovulação: Troque as sementes. Agora será 1 colher de sopa de semente de girassol sem casca (levemente torrada) e 1 colher de sopa de gergelim branco. Mantenha este consumo até o início da menstruação.

Reinício do ciclo:

  • No primeiro dia da menstruação: Volte a consumir a mistura de semente de linhaça triturada e semente de abóbora.

Resumo do ciclo:

  • Fase 1: Semente de linhaça triturada + semente de abóbora (até a ovulação).
  • Fase 2: Semente de girassol + gergelim branco (após a ovulação e até a menstruação).

Evite estes alimentos para auxiliar no tratamento

A alimentação como aliada no tratamento da endometriose
  1. Alimentos ricos em gorduras trans (gordura vegetal hidrogenada), que tendem a piorar o risco de endometriose. Estão presentes nos produtos ultraprocessados como salgadinhos, biscoito recheado, macarrão instantâneo, sorvete, congelados em geral, molhos prontos, doces, embutidos, enlatados e conservas, etc.;
  2. Alimentos ricos em gordura saturada presentes nos alimentos de origem animal, principalmente as carnes vermelhas e embutidos.
  3. Diminua o consumo de alimentos que contêm glúten como pães, bolos, biscoitos, macarrão feito com farinha de trigo, pois em mulheres com endometriose, há uma maior sensibilidade ao glúten, principalmente nos casos em que há uma disbiose intestinal aumentando a inflamação.
  4. Evite laticínios com alto teor de gordura  (leite  integral,  creme  de  leite,  queijo  cremoso,  manteiga), que podem piorar os sintomas nas mulheres com endometriose.
  5. Troque as bebidas açucaradas como refrigerantes, sucos e chás prontos por água e chás naturais. 
  6. Evite o excesso de alimentos ricos em açúcar encontrados nos cereais matinais açucarados, biscoitos/bolachas salgados ou recheados, sorvetes, bolos, iogurte com sabores e adoçados, sucos artificiais e refrigerantes.

Hábitos que podem ajudar no tratamento

  1. Beber água durante todo o dia calcule aproximadamente 35 ml x peso.
  2. Praticar alguma atividade física. Busque auxílio de um profissional de educação física.
  3. Controle as emoções e gerencie o estresse.
  4. Cuide do seu sono. Dormir bem é fundamental para a saúde e o bem-estar. A melatonina, hormônio do sono, é essencial para um descanso reparador e ajuda a reduzir a inflamação e o envelhecimento. O cortisol, hormônio do estresse, interfere na produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono.

Para melhorar a qualidade do sono, é importante seguir algumas dicas: estabelecer um horário regular para dormir e acordar, criar um ambiente relaxante, evitar telas e alimentos pesados antes de dormir, praticar atividades relaxantes como meditação ou yoga, regular o consumo de líquidos à noite e optar por chás calmantes. (camomila, erva doce, mulungu, melissa por exemplo) ao invés de bebidas que contenham cafeína.

A alimentação como aliada no tratamento da endometriose

Cuide bem do seu intestino

O intestino precisa estar saudável para que possamos ser saudáveis, e para isso precisamos cuidar da nossa microbiota intestinal. E uma das estratégias mais eficazes para promover uma boa saúde intestinal é através da alimentação, onde a ingestão de alimentos ricos em fibras solúveis e insolúveis e pobre em gorduras saturadas e açúcares refinados, contribui para o crescimento de bactérias benéficas o que melhora a composição da microbiota trazendo equilíbrio.

Busque sempre auxílio do nutricionista para um plano alimentar personalizado de acordo com suas necessidades.

É importante destacar que um baixo consumo de nutrientes pode levar a deficiências, que contribuem para o desenvolvimento de doenças inflamatórias, assim como a endometriose. Então utilizar essas estratégias para a mudança dos hábitos alimentares, priorizando alimentos mais anti inflamatórios como as frutas, vegetais em geral, sementes, castanhas, grãos integrais, leguminosas, fontes de ômega 3, combinação de vitaminas e minerais e reduzir o consumo de alimentos pró-inflamatórios (gorduras trans, saturadas e açúcares) vão ajudam a melhorar sintomas desconfortáveis e trazer mais qualidade de vida para as mulheres.

Tem alguma dúvida ou sugestões? Deixe seu comentário aqui embaixo, será um prazer te ajudar! Vamos juntos conquistar mais saúde!

Referências:

https://repositorio-api.animaeducacao.com.br/server/api/core/bitstreams/6f07f2f0-fa9e-4fcf-bc6b-0a17a8a75083/content

https://www.scielo.br/j/abem/a/dbcRC5BMRDdfBJmMc6LvB6G/?lang=pt

http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v13i8.46527 

https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2190

https://www.rbmojournal.com/article/S1472-6483(23)00723-X/fulltext

https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28017/24410

http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2017/08/16-AR-O-papel-da-dieta-na-etiologia.pdf 

https://www.mdpi.com/2072-6643/16/1/154

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666577824000637?via%3Dihub

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