A diabetes é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo mundo. Somente no Brasil cerca de 10,2% da população tem a doença conforme dados da Vigitel 2023. Ou seja, cerca de 90% dos pacientes com esta doença, tem o diagnóstico de diabetes tipo 2. Neste artigo vamos falar sobre a alimentação para a Diabetes tipo 2, além de informações importantes sobre a doença.

Alimentação para diabetes tipo 2

Como ela acontece?

É uma doença que surge quando o corpo não consegue mais utilizar o hormônio insulina produzido pelo pâncreas. Além disso, pode acontecer quando não há produção de insulina suficiente para controlar os níveis de glicose no sangue. 

Está ligada diretamente ao estilo de vida, ou seja, tem relação com as escolhas alimentares pouco saudáveis e a falta de atividade física. Essas ações vão ajudar no melhor controle glicêmico e evitar possíveis complicações da doença, além de ajudar no tratamento. As mudanças no estilo de vida, além de contribuir para o controle da glicose, reduzem também o risco de problemas cardiovasculares (infarto e derrames), problemas na retina, rins, úlceras e pé diabético.

Até que seja feito um diagnóstico definitivo da doença, algumas alterações fisiológicas acontecem antes. É muito comum que pacientes convivam com a doença por anos, pois a maioria dos casos não apresenta sintomas. Nessas alterações, os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes tipo 2, caracterizando uma pré-diabetes. Aqui já existe uma resistência à insulina, porque o pâncreas pode até produzir a insulina, mas há uma redução na ação deste hormônio, pois as células não conseguem utilizar o hormônio. Desta forma, caso novos hábitos alimentares e prática de atividade física não sejam adotados por este paciente, essa resistência evolui até desenvolver a diabetes tipo 2.

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes tipo 2 estão a obesidade, a circunferência abdominal aumentada, o estilo de vida sedentário, a hipertensão, as alterações nos níveis de colesterol (aumento do LDL e baixo HDL), e os triglicerídeos elevados.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), cerca de 50% das pessoas que têm a pré-diabetes, vão chegar a desenvolver a diabetes tipo 2, sendo extremamente importante ter atenção nesta fase da resistência à insulina, pois aqui há uma grande oportunidade de reverter a doença.

Neste momento, é indicado uma mudança nos hábitos alimentares e inclusão de atividade física diária. Isso tudo para evitar que a doença se estabeleça e que possíveis complicações aconteçam.

Como deve ser a alimentação para o Diabetes tipo 2?

A alimentação para o paciente com diabetes precisa ser feita de forma individual e equilibrada em nutrientes. Um plano alimentar parecido com o de qualquer outra pessoa que não tenha a doença, mas respeitando necessidades calóricas e particularidades do paciente com variedade de nutrientes.

De modo geral, uma das estratégias nutricionais indicadas para o tratamento da diabetes tipo 2, seria a redução de 5 a 7% do peso corporal, com um déficit calórico de 500 a 750 kcal/dia. Além disso, é indicado manter uma dieta adequada em macronutrientes, que pode ser composta por 45 a 60% de carboidratos (CHO), incluindo de 14 a 20 g de fibras alimentares, 20 a 35% de gorduras com preferência para mono e poliinsaturadas e 15 a 20% de proteínas. 

Alimentação para diabetes tipo 2

Priorize os alimentos com baixo índice glicêmico

É indicado também o consumo de alimentos com baixo índice glicêmico, ou seja, aqueles que não geram picos de glicose no sangue, e que são absorvidos de forma mais lenta pelo organismo, como por exemplo, os alimentos integrais e vegetais que contém maior quantidade de fibras que ajudam no melhor controle glicêmico. Não é necessário excluir todo tipo de carboidrato, basta fazer boas escolhas, ele não é vilão, mas sim um importante nutriente que nos fornece energia para as atividades diárias e funções do nosso organismo.

Sendo assim, fazer escolhas mais saudáveis no dia a dia, priorizando alimentos mais naturais, como vegetais, frutas e cereais, contribui muito para um volume menor de açúcar (glicose) sendo liberado no sangue, evitando assim picos de insulina e controlando mais o apetite.

Alguns exemplos de alimentos que são absorvidos rapidamente pelo organismo (alto índice glicêmico) e que devem ser evitados são: o açúcar, arroz branco, batata inglesa, pão branco, biscoitos, doces, chocolate, massas, etc. Já entre os alimentos com baixo índice glicêmico (absorvidos mais lentamente) estão os cereais integrais como a aveia, centeio, leguminosas, massas integrais, frutas (laranja, maçã, morango, kiwi, melão) e vegetais (pepino, tomate) ricos em fibras que trazem mais saciedade.

Consuma fibras ao longo do dia

Alimentação para diabetes tipo 2

As fibras que também são carboidratos e podem ser solúveis e insolúveis, atuam como grandes aliadas no tratamento da doença. Quanto mais fibras o alimento contém, menor será seu índice glicêmico. As fibras solúveis vão auxiliar no controle da glicemia após as refeições, pois são capazes de reduzir a absorção de glicose e assim colaborar com a normalização da glicemia. Já as fibras insolúveis contribuem para o controle da saciedade e melhora do trânsito intestinal. São fontes de fibras as frutas, verduras e legumes, principalmente raízes, folhas, bagaços e sementes. 

Para evitar os picos de glicemia, é indicado também que o paciente com diabetes tipo 2 distribua as refeições ao longo do dia (3 refeições principais e 2 lanches pequenos), o que traz mais saciedade reduzindo a fome ao longo do dia.

Dê preferência para preparar os alimentos grelhados, assados, cozidos no vapor ou crus, sempre mantendo diariamente uma variedade de alimentos com alto valor nutricional como as hortaliças, leguminosas, frutas, cereais integrais, carnes magras, peixes, ovos, leite e derivados, evitando alimentos ricos em gorduras saturadas, trans, álcool, sal e açúcar, além de bebidas açucaradas que são altamente calóricos e não contribuem para o controle da doença.

Faça exames de rotina

Alimentação para diabetes tipo 2

Outro ponto importante a ser destacado são os exames de rotina, porque o quanto antes a doença for identificada, mais efetivo será o tratamento. Existem 3 exames importantes que ajudam a identificar se a pessoa já está com uma resistência à insulina ou até mesmo diabética. São eles: a glicemia em jejum, a insulina basal e hemoglobina glicada, exames de sangue simples, que o médico e o nutricionista podem solicitar, para que haja o correto diagnóstico.

Em resumo, o tratamento nutricional para a diabetes tipo 2, inclui um conjunto de recomendações que vão desde uma dieta com déficit de calorias para auxiliar na perda de peso e melhorar os controles glicêmicos, até refeições fracionadas para evitar picos de glicemia, priorizando alimentos com baixo IG como frutas, hortaliças e cereais integrais que são ricos em fibras, vitaminas e antioxidantes. Além disso, restringir o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, além de auxiliar no controle da diabetes tipo 2, também contribuem na redução dos níveis de LDL-c e triglicerídeos que aumentam os riscos de doenças cardiovasculares. 

Por fim, manter diariamente uma alimentação variada com frutas, vegetais, cereais integrais, carnes magras, peixes, ovos, leite e derivados (caso não tenha intolerância ou alergias alimentares), evitando assim o consumo em excesso de produtos industrializados que são ricos em sódio e açúcares adicionados e contribuem para o desenvolvimento de inúmeras doenças como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares.

Lembrando que é muito importante buscar a orientação de um nutricionista antes de qualquer mudança na alimentação, para que a dieta seja elaborada com base nas necessidades individuais e preferências alimentares.

Tem alguma dúvida ou sugestão? Deixe seu comentário aqui embaixo, será um prazer te ajudar! Vamos juntos conquistar mais saúde!

Referências:

https://diabetes.org.br/ 

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-11/mais-de-10-dos-brasileiros-vivem-com-diabetes#:~:text=O%20diabetes%20atinge%2010%2C2,quando%20era%209%2C1%25

BERTONHI, L. G.; DIAS, J. C. R. Diabetes mellitus tipo 2: aspectos clínicos, tratamento e conduta dietoterápica. Revista Ciências Nutricionais Online. v.2, n. 2, p. 1-10, 2018. Disponível em: <https://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/cienciasnutricionaisonline/sumario/62/18042018212025.pdf>. Acesso em 02 maio. 2023.

MAHAN, L.K.; STUMP E.; RAYMOND, J.L. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2018. 

SBD. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes. 2019-2020. Disponível em: <https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Diretrizes-Sociedade-Brasileira-de-Diabetes-2019-2020.pdf>. 

https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/alimentos-com-baixo-indice-glicemico-podem-auxiliar-no-controle-do-diabetes/ 

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