No mundo estima-se que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados todos os anos, correspondendo a mais de 30% da produção mundial de alimentos (CEDES, 2018), o que compreende a 30% de cereais, 45% de raízes, hortaliças, frutas, 20% de carnes e lácteos e 35% dos peixes (FAO, 2023).  Sendo que uma parcela desses alimentos poderia atender em torno de 815 milhões de pessoas, satisfazendo as necessidades nutricionais destes que em 2016 encontravam-se em estado de insegurança alimentar (CEDES, 2018).

Em relação ao Brasil, aproximadamente 26 milhões de toneladas de alimentos por ano, que poderiam alimentar em torno de 13 milhões de pessoas em quantidade suficiente, são descartados no lixo (CEDES, 2018), onde “atualmente o país ocupa o ranking dos 10 países que mais perdem alimentos no mundo, com cerca de 35% da produção sendo desperdiçada todos os anos” (SANTOS et al., 2020, p. 4).

Entenda como Aproveitar os Alimentos Contribui para sua Saúde

São desperdiçados 30% de alimentos comprados entre eles as cascas, talos, folhas e sementes de hortaliças e frutas, que são descartados por falta de conhecimento sobre seus valores nutricionais ou ainda por não saber a forma correta de preparo (ROCHA; FERREIRA, 2022).

Aproveitar os alimentos reduz o desperdício

E para ajudar no combate ao desperdício, surgiu o aproveitamento total de alimentos, uma estratégia que promove o aproveitamento do alimento com o objetivo de reduzir ao máximo o resíduo sólido (PROENÇA; NISHIDA, 2019), além de ser uma prática sustentável que permite uma redução dos gastos com alimentação e incentiva a melhora dos hábitos alimentares aumentando o aporte nutricional (SILVA; SOUZA; SOUZA; LUCAS, 2022).

Através do aproveitamento integral é possível reduzir a produção de resíduos orgânicos, onde aproveita-se tudo que o alimento tem a oferecer, tendo como princípio variar os alimentos e complementar refeições para reduzir custo e ter um preparo mais rápido (CARDOSO et al., 2015).

De acordo com Rocha e Ferreira (2022), o aproveitamento de alimentos auxilia na redução de custos de preparações, tornando-as com baixo custo, contribuindo para reduzir o desperdício e melhorar o valor nutricional da preparação.

Utilizar o alimento de forma integral é aproveitar todas as partes comestíveis como fonte de nutrientes, pois a maior parte dos destes nutrientes estão nas cascas, folhas, talos e sementes de frutas e hortaliças, que são descartadas pela população simplesmente por desconhecer como aproveitar essas partes não convencionais, levando a um maior desperdício (MONTEIRO, 2008). Este aproveitamento pode ser feito através de técnicas culinárias variadas e adequadas, que vão melhorar o aporte de nutrientes nas refeições (ROCHA; FERREIRA, 2022).

Tenha mais qualidade na alimentação

Entenda como Aproveitar os Alimentos Contribui para sua Saúde

Além de trazer economia, o aproveitamento total possibilita o uso de recursos disponíveis sem desperdício, reciclando e proporcionando uma alimentação de qualidade através de vitaminas e minerais como o potássio, cálcio, magnésio e fibras que são encontradas nas partes descartadas dos alimentos, estando em maior quantidade nessas partes (ROCHA; FERREIRA, 2022).

As partes não convencionais como talos e folhas podem ser utilizados nos preparos de sopas, caldos, saladas e refogados, e as cascas de frutas como laranja, banana, manga podem ser transformadas em recheios de tortas, bolos ou ainda geléias e sucos (SILVA; SOUZA; SOUZA; LUCAS, 2022).

A FIOCRUZ (2023), ressalta que aproveitar integralmente os alimentos é uma excelente estratégia, justamente por aproveitar todas as partes (folhas, cascas, talos), que contém nutrientes como vitaminas e antioxidantes, contribuindo para o reduzir o desperdício.

Ainda segundo a FIOCRUZ (2023), com esta técnica é possível variar texturas e sabores deixando as refeições mais criativas, como por exemplo, na preparação de bolos utilizando cascas de frutas cítricas, trazendo um sabor agradável à receita. 

Benefícios para a saúde com o aproveitamento de alimentos

Gomes e Teixeira (2017) destacam que utilizar integralmente os alimentos além de ser uma maneira de promover qualidade na alimentação e diminuir o lixo, traz benefícios não somente ao meio ambiente, mas também ao corpo e a mente.

A alimentação diária pode ser enriquecida com o uso de partes não convencionais do alimentos, que além de reduzir o desperdício elevam a diversidade de nutrientes na dieta, que estão presentes nas hortaliças e frutas, aumentando as fontes de proteínas, fibras, vitaminas e minerais (SILVA; SOUZA; SOUZA; LUCAS, 2022).

Rodrigues et al. (2021) ressaltam que é muito importante o aproveitamento total do alimento como fonte de nutrientes promovendo a Segurança Alimentar, além do que o incentivo ao consumo de frutas e hortaliças contribui para melhora da saúde, pois são alimentos essenciais a nutrição da população devido aos seus micronutrientes.

Cascas, folhas e talos são ricos em nutrientes

O alto valor nutricional contido em cascas, folhas e talos não é de conhecimento de todos, e são importantes pois essas partes possuem nutrientes como vitamina C, carboidratos, cálcio e fibras, muitas vezes superior à própria polpa (SILVA; SOUZA; SOUZA; LUCAS, 2022).

Segundo Rocha e Ferreira (2022), tanto as cascas, talos e folhas são boas fontes de fibras e lipídios, sendo exemplos as sementes de abóbora, talos de brócolis, de couve, de espinafre, cascas de banana e folhas de brócolis. E por serem fontes de vitaminas e minerais, atuam no organismo como antioxidantes auxiliando no combate ao envelhecimento, além de prevenir anemia e regularizar o intestino.

Além de aumentar a ingestão de fibras alimentares com o consumo de caules, cascas, talos, o uso sustentável ajuda na redução de resíduos orgânicos e traz outros benefícios como a segurança alimentar, aumento do consumo de outros nutrientes, além de aumentar a vida útil dos alimentos (ROCHA; FERREIRA, 2022).

Sendo assim, com a técnica de aproveitamento de alimentos (AIA) é possível reaproveitar as partes que antes seriam descartadas no lixo, em uma variedade de receitas, que são enriquecidas nutricionalmente com o acréscimo de vitaminas e minerais presentes nas cascas e talos, proporcionando uma alimentação mais saudável e sustentável.

Tem alguma dúvida ou sugestão? Deixe seu comentário aqui embaixo, será um prazer te ajudar! Vamos juntos conquistar mais saúde!

Referências:

CEDES. Centro de estudos e debates estratégicos. Perdas e desperdícios de alimentos: Estratégias para redução. Cadernos de Trabalhos e Debates, m. 03, 2018. Disponível em: https://livraria.camara.leg.br/perdas-e-desperdicio-de-alimentos-estrategias-para-reducao. Acesso em 25 set. 2023.

FAO. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. Perdas e desperdícios de alimentos na América Latina e no Caribe, 2023. Disponível em: https://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/239394. Acesso em 18 set. 2023.

SANTOS, K. L. et al. Perdas e desperdícios de alimentos: reflexões sobre o atual cenário brasileiro. Braz. J. Food Technol., v. 23, 2020. Disponível em:https://doi.org/10.1590/1981-6723.13419. Acesso em 25 set. 2023.

ROCHA, J. S.; FERREIRA, J. C. S. Aproveitamento integral dos alimentos e reflexo na saúde da população. Research, Society and Development, v. 11, n. 6, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29210. Acesso em 01 out. 2023.

PROENÇA, M. W.; NISHIDA, W. Aproveitamento integral dos alimentos em uma Unidade de Alimentação e Nutrição: elaboração de cartilha com dicas e receitas. Health Sci Inst, v. 37, n. 3, p. 234-239, 2019. Disponível em: https://repositorio.unip.br/wp-content/uploads/2020/12/07V37_n3_2019_p234a239.pdf.

SILVA, P. A. P. C.; SOUZA, R. M.; SOUZA, S. M.; LUCAS, L. E. S. et al. Aproveitamento integral dos alimentos: alimentos alternativos de baixo custo com alto valor nutricional na melhoria da qualidade de vida da população carente. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação-REASE, v. 8, n. 10, 2022. Disponível em:https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/7249/2829. Acesso em 29 set. 2023.

CARDOSO, E. T. et al. Aproveitamento integral de Alimentos e o seu impacto na Saúde. Sustentabilidade em Debate, v. 6, n. 3, p. 131-143, 2015. Disponível em:https://periodicos.unb.br/index.php/sust/article/download/15776/14081/26851. Acesso em 01 out. 2023.

ROCHA, J. S.; FERREIRA, J. C. S. Aproveitamento integral dos alimentos e reflexo na saúde da população. Research, Society and Development, v. 11, n. 6, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29210. Acesso em 01 out. 2023.

FIOCRUZ. Aproveitamento integral dos alimentos, 2023. Disponível em: https://cogic.fiocruz.br/aproveitamento_integral_alimentos.pdf. Acesso em 04 out. 2023.

MONTEIRO, B. Valor Nutricional das Partes Convencionais e não Convencionais de Frutas e Hortaliças, 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Mestrado em Agronomia – Energia na Agricultura. Botucatu. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/d332304c-59b0-42e6-b66a-1126a494b982/content. Acesso em 03 out. 2023.

RODRIGUES, J. H. et al. Contribuição do aproveitamento integral dos alimentos para saúde e meio ambiente. Revista Ibero Americana de Ciências Ambientais, v. 12, n. 7, p. 314-327, 2021. Disponível em: https://www.sustenere.co/index.php/rica/article/view/5912. Acesso em 01 out. 2023.

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