A hipertensão arterial, mais conhecida como pressão alta, trata-se de uma doença crônica não transmissível, que se caracteriza por elevação persistente da pressão arterial, (PA) ≥ 140 mmHg (sistólica) e/ou ≥ 90 mmHg (diastólica), onde os benefícios do tratamento não medicamentoso e medicamentoso superam os riscos (BARROSO et al., 2021).
De acordo com Mahan, Stump e Raymond (2018), “a hipertensão arterial sistêmica consiste em pressão arterial (a força exercida por unidade de área nas paredes das artérias) persistentemente elevada”.

É uma doença ligada a distúrbios de metabolismo que pode ser agravada por outros fatores de risco como obesidade central, dislipidemias e diabetes mellitus. Além disso, outros fatores como aspectos genéticos, ambientais, falta de atividade física e alimentação inadequada com alto consumo de bebidas alcoólicas, gorduras e sódio, podem favorecer o desenvolvimento da hipertensão arterial. Está associada a eventos cardiovasculares como morte súbita, infarto agudo, insuficiência cardíaca e doença renal crônica (ROSSI; POLTRONIERI, 2019).
Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão arterial, por ser muitas vezes assintomática, pode evoluir para alterações estruturais de órgãos-alvo como coração, cérebro, rins e vasos, sendo fator de risco principal para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura (BARROSO et al., 2021).
Cuppari (2019), destaca que “os determinantes da pressão são o débito cardíaco e a resistência periférica, e qualquer alteração em um ou outro, ou em ambos, interfere na manutenção dos níveis pressóricos normais”.
Como saber se tenho pressão alta
Para o diagnóstico da HA é necessário considerar além dos níveis pressóricos, o risco cardiovascular levando em consideração a presença de fatores de risco (idade, sexo, sódio, dieta inadequada, obesidade, bebidas alcoólicas, etc.), lesões em órgãos-alvo e doenças associadas. (BRASIL, 2006).
Faz parte da avaliação de hipertensão arterial a confirmação de diagnóstico, suspeita, avaliação do risco cardiovascular e identificar possíveis causas secundárias, com investigação de doenças associadas. Complementam essa avaliação a medição de pressão arterial tanto em consultório como fora com auxílio de técnica adequada, equipamentos devidamente calibrados, a história familiar, investigação laboratorial e clínica com exame físico (BARROSO et al., 2021).
Segundo Rossi e Poltronieri (2019), “a medição pode ser feita com esfingmomanômetro manuais, semiautomáticos ou automáticos. Esses equipamentos devem ser calibrados anualmente, de acordo com as orientações do Inmetro”.
Podem ser considerados hipertensos os indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Ao utilizar medidas aferidas em consultório, deve-se validar o diagnóstico de hipertensão arterial por medições repetidas, com o indivíduo calmo, com mais de duas visitas médicas em dias ou semanas alternados, ou ainda no caso de medidas fora do consultório com MAPA de forma mais assertiva. A classificação é de acordo com o nível mais alto de PA, sistólica ou diastólica, onde pacientes com PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg são podem ser classificados com HA sistólica isolada, e na presença de níveis de PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg definidos como HA diastólica isolada (BARROSO et al., 2021).
Quais os tratamentos para a hipertensão arterial?
Segundo o Ministério da Saúde, tanto medidas não farmacológicas isoladas ou associadas ao anti-hipertensivos podem ser usadas como tratamento. Os medicamentos anti-hipertensivos tem o objetivo de promover redução dos níveis de pressão arterial e eventos cardiovasculares; o tratamento não medicamentoso vai auxiliar na redução dos níveis de pressão para valores normais: inferiores a 140 mmHg de pressão sistólica e a 90 mmHg de pressão diastólica (BRASIL, 2006).
Tratamento medicamentoso e não medicamentoso
O tratamento para a HAS pode ser feito tanto por meio medicamentoso, como não medicamentoso, com o objetivo de redução da PA com resultados inferiores a < 140/90 mmHg. O tratamento medicamentoso envolve uso de fármacos anti- hipertensivos e o não medicamentoso inclui mudanças nos estilo de vida como controle da PA, prática de atividade física, cessar o fumo, dieta adequada, entre outros (CUPPARI, 2019).
Barroso et al (2021), destaca que para o tratamento não medicamentoso algumas condutas são recomendadas tanto para cessação do tabagismo, adesão a padrões alimentares saudáveis, consumo adequado de sódio e potássio, uso de suplementos como a vitamina D, além da perda de peso, restrição de bebidas alcoólicas, prática de atividade física regular quanto controle de estresse e cuidados com espiritualidade e religiosidade.
Já o tratamento medicamentoso tem como objetivo principal a redução da pressão arterial (PA), reduzindo desfechos cardiovasculares e mortalidade associados à hipertensão arterial (HA). Para alcançar as metas de pressão arterial, grande parte dos indivíduos com este diagnóstico vão precisar do auxílio de medicamentos associados às mudanças no estilo de vida (BARROSO et al., 2021).
Para a SBC (2023), “os medicamentos preferenciais para o controle da PA em monoterapia inicial são diuréticos, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora da angiotensina e antagonistas do receptor da angiotensina II”.
A hipertensão arterial sistêmica é umas das doenças cardiovasculares mais frequentes e o principal fator de risco para complicações como o infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença renal crônica (BRASIL, 2006).
O principal objetivo do correto diagnóstico e controle da hipertensão arterial é a redução das suas complicações que vão desde doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, e doença renal crônica e doença arterial periférica (BRASIL, 2006).
A influência dos hábitos alimentares na hipertensão arterial
Uma das implicações nutricionais relacionadas à hipertensão arterial está ligada ao consumo excessivo de sódio, que é um dos fatores que contribui para a elevação da PA, sendo um fator modificável importante para a prevenção e controle da HA e DCV. Por outro lado, o consumo aumentado de potássio ajuda a reduzir a pressão arterial (BARROSO et al., 2021).

Em torno de 75% do sódio consumido vem dos alimentos ultraprocessados, devido a adição do cloreto de sódio aos alimentos para melhorar o sabor e aumentar o tempo de prateleira do produto (ROSSI; POLTRONIERI, 2019).
O cuidado nutricional inclui a dietoterapia e tem como objetivo uma alimentação que auxilia na redução dos níveis de pressão arterial para valores normais, minimizar a necessidade de medicamentos anti-hipertensivos, melhorar o controle de peso evitando a obesidade (COCA et al., 2010).
Além disso, os cuidados nutricionais fazem parte de medidas não medicamentosas com objetivo de reduzir a morbimortalidade por meio de mudanças no estilo de vida com a adesão de novos hábitos saudáveis (CUPPARI, 2019).
A hipertensão arterial apesar de ser um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e renais, costuma ser de fácil diagnóstico e com eficácia em seu tratamento aliando medicamentos e mudanças no estilo de vida (BARROSO et al., 2021).
Recomendações nutricionais para prevenção e tratamento
Algumas das principais intervenções para prevenção da hipertensão arterial recomendadas pelas Diretrizes brasileiras de Hipertensão Arterial incluem: Controle do Peso para alcançar o peso ideal; Aderir a dieta DASH que é rica em frutas, vegetais, grãos, baixo teor de gordura com redução no consumo de gordura saturada e trans; Redução da ingestão de sódio ideal que seja < 2 g/dia; Aumento da ingestão de potássio mantendo entre 3,5 a 5,0 g/dia na dieta; Consumo de álcool moderado para homens ≤ 2 drinques e mulheres ≤ 1 drinque; Prática de atividade física com recomendação de prática de pelo menos 150 min/semana de atividades físicas moderadas ou 75 min/semana de vigorosas (BARROSO et al., 2021).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019), “diretrizes nacionais e internacionais preconizam que todos os pacientes com PH ou HA devem reduzir o consumo de sódio e manter adequado consumo de frutas frescas, hortaliças e produtos lácteos com baixo teor de gordura”.
Alguns modelos dietéticos propostos, com efetividade comprovadas para prevenção e controle da HA são: a dieta DASH, dieta com baixo teor de gordura, dieta hiperproteica, dieta low carb, com baixo índice glicêmico/baixa carga glicêmica, baixo teor de sódio, a vegetariana/vegana, a mediterrânea, a paleolítica, a nórdica e a tibetana (SBC, 2019).
A dieta DASH que destaca-se com um dos padrões alimentares indicados para o tratamento da hipertensão possui as seguintes recomendações diárias de porções e quantidades de alimentos: Consumo de 4 a 5 porções de frutas, 4 a 5 porções de vegetais (crus, cozidos), 2 a 3 porções de laticínios dietéticos, 7 a 8 porções de grãos e derivados, ≤ 2 porções de carnes magras, aves e peixes, 4 a 5 porções de nozes, sementes e leguminosas (BARROSO et al., 2021).
Quanto aos suplementos alimentares, alguns possuem evidências de redução da PA: potássio, vitamina C, alho, fibras dietéticas, linhaça, cacau, soja, nitratos orgânicos e ômega 3. (SBC, 2019).
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Referências:
BARROSO W.K.S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf. Acesso em 16 abr. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistêmica – Brasília – DF. 2006. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica15.pdf. Acesso em 08 mai. 2023.
COCA A.L., et al. Consumo alimentar e sua influência no controle da hipertensão arterial de adultos e idosos de ambos os sexos em uma unidade básica de saúde em Dourados – MS. RBCE, v. 7, n. 2, p. 244-25, 2010. Disponível em:http://seer.upf.br/index.php/rbceh/article/view/937/pdf. Acesso em 07 mai. 2023.
MAHAN, L.K.; STUMP E.; RAYMOND, J.L. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2018.
ROSSI, L.; POLTRONIERI F. Tratado de nutrição e dietoterapia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1112 p. 2019.
CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. 4. ed. Barueri [SP]: Manole, 2019.
SBC. Consensos e Diretrizes, Tratamento Medicamentoso, 2023. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/consenso3/capitulo5.asp. Acesso em 08 mai. 2023.
SBC. Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11304/pdf/11304022.pdf. Acesso em 03 abr. 2023.